O que é Arquitetura Inclusiva?
A Arquitetura Inclusiva é a que permite que pessoas com qualquer tipo de limitação, sejam elas temporárias ou permanentes, possam fazer uso do espaço com autonomia, conforto e segurança.
Ela está diretamente relacionada ao conceito de Desenho Universal cujo estruturas e equipamentos devem ser utilizados por todos sem que seja necessário fazer adaptações.
Sabemos que a função do arquiteto é de elaborar projetos que atendam às necessidades e limitações dos usuários, cada um com suas características únicas e que devem ser levadas em consideração, pois são eles que farão sua futura ocupação.
Apesar disso, muitos projetos ainda aplicam suas medidas de forma pontual, resultando em espaços não inclusivos e sem planejamento. E ainda, não basta que os espaços sejam simplesmente acessíveis, eles devem ser seguros e confortáveis.
Como este artigo está estruturado
- Contexto Histórico da Arquitetura Inclusiva
- A importância da Arquitetura Inclusiva
- Normas brasileiras de Arquitetura Inclusiva
- Como implementar a Arquitetura Inclusiva nos projetos
- Conclusão
Contexto Histórico da Arquitetura Inclusiva
Embasando neste contexto, devemos lembrar que a Arquitetura no Brasil ganhou representatividade a partir do período Modernista por meio de grandes nomes entre eles Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, João Villanova Artigas e Oswaldo Bratke.
Marcando os conceitos da construção, o Modernismo possui como característica forte valorização da estética e foi difundido pelo francês Le Corbusier, arquiteto que tinha como um dos preceitos a padronização humana.
O desenho do corpo humano com dimensões perfeitas de um jovem homem realizado por Leonardo da Vinci fez com que pessoas com deficiência, idosos, gestantes, obesos, crianças e todos os outros indivíduos que fogem do padrão, fossem desconsiderados no ato de projetar.
As barreiras arquitetônicas foram evidenciadas após a Segunda Guerra Mundial, pois veteranos de guerra e mutilados não conseguiam mais exercer funções. Foi somente após aproximadamente quinze anos depois que surge a primeira padronização de acessibilidade.
Apresentado pela North Caroline State University, nos Estados Unidos, o conceito do Design Universal é criado, cujos produtos e ambientes são utilizados por todos e para todos, seus princípios seguem:
1- Uso Equitativo;
2- Flexibilidade no uso;
3- Uso simples e intuitivo;
4- Informação Perceptível;
5- Tolerância ao erro;
6- Baixo esforço físico;
7- Tamanho e Espaço para aproximação e uso.
Além disso, devemos considerar a estética, economia, sustentabilidade e cultura local.
No Brasil, as transformações relacionadas à acessibilidade começaram a ser implantadas somente a partir da década de 80 e podemos ver nos dias de hoje, diversos locais onde a Arquitetura ainda é projetada para o homem padrão.
A importância da Arquitetura Inclusiva
A importância da Arquitetura Inclusiva está diretamente relacionada a falta de acessibilidade. Segundo dados do IBGE, mais de 24 milhões de brasileiros pertencem a terceira idade e 45,6 milhões são pessoas com deficiência, o que são números significativos.
Ainda, estima-se que em 2024 a população idosa chegue a 38 milhões, reforçando a necessidade de espaços que incluem. Vale ressaltar também, que os conceitos do Desenho Universal não estão baseados somente nas pessoas com deficiência, mas eles garantem a adequação dos espaços em toda a diversidade humana.
Além disso, devemos considerar que somos seres totalmente diferentes, cada um com sua ergonomia e especificidade, por isso a importância de elaborar e aplicar um bom briefing, pois fatores comuns como altura e idade são influenciadores diretos na elaboração de um projeto.
“Pensando que as pessoas envelhecem e que suas necessidades vão mudando ao longo de sua vida, pensar em projetos com Desenho Universal é introduzir também o conceito de arquitetura sustentável, sem necessidade de adaptações posteriores. Ambos se complementam e possibilitam a construção de sociedades verdadeiramente democráticas”.
Pesquisas na área da saúde indicam que idosos sofrem muitos acidentes domésticos, o que poderiam ser evitados com pequenas mudanças como instalação de barras de segurança e pisos adequados. A escolha de materiais e sistemas determinarão como os usuários irão interagir com o espaço construído.
Texturas, variações térmicas, acústicas, uso de cores e contrastes, ganham valorização nos casos de pessoas com deficiência visual. Para os que possuem mobilidade reduzida, superfícies antiderrapantes. Ser capaz de fornecer espaços que sejam universalmente acessíveis é um instrumento que remove barreiras não só físicas mas também sociais.
Resultando em processos de interação, de forma que todos se tornam capazes de viver suas vidas com confiança, independência e igualdade, e para isso, cabe a nós decisões projetuais relacionadas a equilíbrio, proporção, simetria, ritmo, iluminação, cores, espaço e mobiliário.
Normas brasileiras de Arquitetura Inclusiva
A legislação brasileira conta com normas que garantem acessibilidade às edificações, mobiliário e espaços urbanos, obrigando a implantação de rampas, corrimãos, sinalizadores, acessos sem barreiras em locais públicos.
A NBR 9050/2004 possui força federal e conduz estes parâmetros, desde dados sobre a área de manobra de cadeiras de rodas a legibilidade.
Outras legislações pertencentes à Arquitetura Inclusiva são as leis federais n° 10.048, que trata do atendimento prioritário e acessibilidade no transporte a lei e n° 10.098 que trata do meio físico, transporte, comunicação e informação e ajudas técnicas.
Por meio destas medidas, aliadas ao empenho de organizações e pessoas, cada vez mais buscamos por inclusão, igualdade, autonomia, acessibilidade e direito de ir e vir.
Para entender mais sobre a amplitude da arquitetura inclusiva, recomenda-se ler a norma ABNT que regulamenta as práticas.
Como implementar a Arquitetura Inclusiva nos projetos
Para implementar a Arquitetura Inclusiva nos projetos é necessário pensar em espaços que possam ser utilizados por todos de forma segura, fácil e prazerosa, mas também deve-se garantir que os projetos sejam realistas e viáveis, pois existem soluções simples e de baixo custo que geram impactos positivos na vida das pessoas que dependem da acessibilidade.
Ao elaborar o projeto, precisamos considerar:
- Uso com independência e autonomia;
- Conforto e segurança dos usuários;
- Adequação da obra à legislação;
- Disposição dos espaços;
- Usos atuais e futuros;
- Custos e investimentos a longo prazo.
Desta forma, a seguir reunimos diversas soluções que contemplam a Arquitetura Inclusiva e cabe a nós arquitetos as consideramos no momento de projetar e expandirmos estes conceitos a outros profissionais que complementarão a obra como engenheiros civis, eletricistas, designers de interiores, entre outros.
Dimensões e circulação
O dimensionamento da edificação é o primeiro fator a ser considerado, pois pode facilitar ou dificultar a mobilidade. Deve ser possível realizar a manobra de cadeiras de rodas em 360° em qualquer ambiente.
Quando tratamos de circulação, devemos nos atentar à largura de portas e corredores, recomenda-se que essas aberturas sejam de 90 cm para portas e 1 m para corredores. Para conversões de 90°, devem ter 1,20 m de largura.
Para residências, manter a área de circulação livre é uma solução simples que pode ser solucionada com a redução do mobiliário presente nas passagens, tapetes, optar por armários com portas de correr e móveis com alturas que supram a necessidade da pessoa.
Rampas
As rampas são soluções bastante adotadas quando tratamos de acessibilidade nos acessos. Segundo as normas, elas devem ter no máximo 8% de inclinação em relação ao chão, para que seja possível a locomoção com um esforço mínimo.
Além da baixa inclinação, sua largura mínima deve ser de 1,20 m, com pisos antiderrapantes, patamares no início e no final e presença de corrimão duplo para apoio e suporte.
A passagem deve ser uma rota de fuga próxima a todas as áreas, sem dificultar a saída e devem estar disponíveis a todo o momento. Podem ser implementadas também, a depender da especificidade do projeto, plataformas e elevadores.
Caso ainda tenha dúvidas em relação ao cálculo de rampas confira nosso artigo Como fazer o cálculo de rampa: passo a passo completo.
Revestimentos
Os acabamentos para pisos devem ser bem nivelados e regulares, recomenda-se também que sejam antiderrapantes e sem brilho. Para banheiros, deve-se ainda, instalar barras de apoio.
Evite utilizar pisos polidos e de pedras e opte por pisos naturais, mais resistentes, com rejunte menor e mais práticos no momento de limpeza.
Entre as opções de piso, encontramos o piso podotátil, apresentado na imagem acima, uma solução de acessibilidade que alerta sobre obstáculos e direciona caminhos às pessoas com deficiência visual.
Mobiliário
Mobiliário inclusivo é peça fundamental em um projeto acessível. Neste quesito, devemos nos atentar ao tipo de material, quinas, altura e dimensões.
Ao escolher peças como mesas, sofás e camas, opte por formatos arredondados, se houver tapetes, devem ser grudados ao piso para evitar deslizes, maçanetas de portas e puxadores de gavetas, preferencialmente no modelo de alavanca, de modo que facilite a abertura e o fechamento.
Para escolher o mobiliário, atente-se as necessidades de seu público e consulte especialistas da área. Objetos mais leves e soltos são perigosos por serem facilmente manuseados e pouco estáveis, opte por aqueles que possuem cores e texturas diferenciadas e que gerem contraste.
Iluminação
A iluminação é essencial em áreas que possuem degraus e rampas e também em bancadas de cozinha, banheiros, para que tenham boas condições de visibilidade da tarefa a ser executada. Luminárias de acionamento também são recomendadas.
Para a iluminação dos ambientes em geral, deve ser uniforme e com poucas áreas de sombra, mas tome cuidado para não exagerar na iluminação e gerar ofuscamento e desconforto.
Elétrica e Hidráulica
Se atente à elétrica e hidráulica, entre os problemas mais comuns encontramos: fios desencapados, soltos, falta ou excesso de iluminação, interruptores e pontos de tomadas com alturas muito altas ou muito baixas, torneiras difíceis de manusear, pias e vasos sanitários em alturas inadequadas.
Valorize a iluminação natural, selecione luzes difusas e não ofuscantes, posicione as tomadas as 45 cm do piso e interruptores a 90 cm, as bancadas a 85 cm, suportes e barras de apoio em todos os ambientes molhados.
Automação
A automação também começou a ser aplicada na década de 80, como ferramenta de criar soluções simples e funcionais para a construção civil.
Quando tratamos de automação, para alguns é relacionada a luxo, para pessoas que necessitam de acessibilidade pode ser um item essencial. Desta forma, a automação inclusiva proporciona bem-estar e independência e pode ser implementada de diversas formas, entre elas encontramos:
- Portas e janelas que abrem e fecham com o toque;
- Sensores de presença;
- Acionamento de luzes;
- Camas articuladas;
- Maçanetas, torneiras e botões de fácil acionamento;
- Confira o nosso artigo sobre Automação Residencial.
Essas e outras soluções promovem a segurança e a autonomia dos usuários, por meio do uso da voz, biometria, telas e painéis que facilitam o controle de iluminação, climatização, movimentação de portas e janelas, entre outros.
O papel do arquiteto é fundamental para equilibrar a estética com as necessidades técnicas e de segurança para o bem-estar dos usuários dos espaços por meio de medidas que não exigem mudanças tão radicais.
Conclusão
A Arquitetura Inclusiva respeita a diversidade humana e proporciona acessibilidade para todos. O desafio de projetar para todos é enriquecedor e gera uma melhora significativa na qualidade de vida dos usuários.
Com a valorização e adesão da acessibilidade, temos uma sociedade mais participativa e humana, desta forma, construções que incluem garantem que a diversidade possa alcançar a todos os espaços.
Pensar na pessoa sem planejar o espaço para as especificidades dela é ineficiente, como consequência, temos acidentes, necessidade de reformas e adaptações. Devemos pensar no projeto para que ele receba seus usuários de forma equitativa.
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A RDP Plast foi fundada 2012, com o ideal de fazer a diferença no cotidiano das pessoas que enfrentam algum tipo de deficiência. Levando até elas mais conforto, segurança e autonomia nos afazeres diários.
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Pisos táteis ( PVC, inox e ladrilho hidráulico)
Placas de identificação em braile
Barras de apoio
Banheiros PCD
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Projetos de acessibilidade em geral
Todos os nossos projetos e produtos de acessibilidade estão de acordo com as normas vigentes ABNT NBR 9050 e 16537.
Além disso dispomos de uma ampla equipe de profissionais treinados e qualificados que atuam em todo território nacional.