Passo a Passo do Projeto Executivo de Arquitetura Sem Erros

O que é o projeto executivo de arquitetura?

O projeto executivo de arquitetura é a etapa final de um projeto, e é entregue como um conjunto de pranchas com todos os desenhos técnicos necessários para a execução de uma obra.

A idealização de um projeto e sua representação gráfica são as etapas mais persuasivas na hora de apresentar seu projeto de arquitetura aos clientes.

Porém é necessário entregar um trabalho de qualidade, que guie o desenvolvimento do seu projeto, para se destacar no mercado e ter feedbacks positivos dos seus clientes.

Pensando nisso, preparamos o Passo a Passo do Projeto Executivo de Arquitetura Sem Erros.

Como esse artigo está estruturado

• Qual a importância do projeto executivo de arquitetura
• O que precisa ser feito antes do projeto executivo de arquitetura
  1. Concepção de projeto
  2. Estudo preliminar
  3. Aprovação da prefeitura
• Quais são os desenhos complementares de um projeto executivo de arquitetura
  1. Planta de situação e localização
  2. Planta de coberta
  3. Planta baixa
  4. Planta de paisagismo
  5. Planta elétrica
  6. Planta luminotécnica
  7. Planta de forro
  8. Paginação de piso
  9. Cortes e vistas
• Quais os principais softwares para criar um projeto executivo de arquitetura
• Conclusão

Qual a importância do projeto executivo de arquitetura?

Para que as suas ideias e soluções sejam executadas da maneira correta é essencial a entrega de um projeto executivo de arquitetura.

Visto que é nesse conjunto de pranchas que estão presentes todas as instruções para o correto andamento da obra.

Para estudantes de arquitetura, nos primeiros anos da faculdade, é comum entender que as etapas de projeto vão somente até o anteprojeto, onde são apresentados desenhos técnicos gerais do projeto, normalmente com uma visão macro.

No entanto, arquitetos e engenheiros já estão mais habituados a aprovação de projetos e gerenciamento de obras, e dessa forma entendem melhor a importância do projeto executivo de arquitetura.

Solucionar as problemáticas do cliente de maneira gráfica nas apresentações e reuniões pode parecer a parte mais difícil de um projeto de arquitetura.

Mas lembre-se que após essa etapa você deve garantir que a sua solução é viável e pode ser executada.

Além disso, o projeto executivo é primordial para assegurar que serão feitas na obra as soluções que você propôs e da maneira que você propôs.

Isso evita surpresas e dores de cabeça tanto para você, quanto para o seu cliente.

A previsibilidade é uma das características mais buscadas e valorizadas na hora de aprovar um projeto, diante disso, saiba a maneira certa de entregar o seu projeto executivo de arquitetura.

O que precisa ser feito antes projeto executivo de arquitetura?

O conjunto de pranchas do projeto executivo é composto por diversos desenhos técnicos, como os projetos complementares, detalhamentos de interiores e imagens renderizadas.

Mas antes disso você deve levar em consideração alguns pontos que podem influenciar diretamente no seu projeto.

Preparamos uma lista do que você precisa verificar antes de elaborar o seu projeto executivo de arquitetura:

1. Concepção de projeto
2. Estudo preliminar
   • Conforto ambiental
   • Fluxos
   • Layout
   • Estrutura
   • Quantitativo
3. Aprovação da prefeitura

1. Concepção de projeto

O primeiro passo é sempre conhecer o seu cliente e conhecer o que ele precisa, logo, invista tempo e dedicação em saber qual a problemática e como convencer o seu cliente que você tem o que ele precisa.

Esse registro de demandas é considerado briefing, e o seu objetivo é resumir as expectativas do seu cliente, seja em relação a decoração ou disposição de ambientes.

O arquiteto deve começar a elaborar o briefing desde o primeiro contato, para ajudar a identificar os desejos do cliente para o projeto.

Busque coletar o máximo de informação e transformar isso em projeto. O seu cliente nem sempre te dará dados claros e objetivos, então é importante que você saiba como decifrar as expectativas, e que tenha uma boa apresentação para mostrar o resultado.

No começo, é mais inteligente que você não se dedique tanto na elaboração do projeto executivo, pois as primeiras etapas incluem uma série de alterações até que as suas ideias estejam alinhadas com as do seu cliente.

2. Estudo preliminar

Após a aprovação inicial do projeto você deve estudar e propor as melhores soluções baseadas em conceitos técnicos.

Como o projeto executivo ainda não está pronto, a apresentação desses resultados para o cliente pode ser feita através de plantas de layout humanizadas, diagramas ou croquis.

Na lista abaixo você vê os principais itens com os quais você tem que se preocupar antes de elaborar o projeto executivo de arquitetura:

• Conforto ambiental

Para garantir uma experiência agradável dentro de cada ambiente é preciso considerar com muito cuidado o conforto ambiental.

Iluminação e ventilação são os dois principais tópicos do conforto que fazem toda a diferença no edifício, seja ele residencial ou comercial.

• Fluxos

Após estabelecer todas as entradas e saídas de iluminação e ventilação naturais, você deve estabelecer o fluxo de pessoas em planta baixa.

Ou seja, quais ambientes terão maior concentração de pessoas, definir as circulações e alocar os ambientes divididos, principalmente, em privado e público.

• Layout

Esse tópico pode ser definido junto com os fluxos, uma vez que a posição dos mobiliários projetados também influencia no fluxo e permanência de pessoas nos ambientes.

Outro ponto importante sobre o layout é para construções residenciais, onde é fundamental que você tenha atenção para quais são os mobiliários indispensáveis para cada ambiente.

Se possível, garanta uma possibilidade de mudança para móveis maiores e que se adequem a realidade das pessoas ao passar do tempo.

• Estrutura

Os cálculos estruturais geralmente precisam ser conferidos e aprovados por uma equipe de engenharia.

Porém os arquitetos devem sempre realizar os cálculos iniciais com uma análise estrutural, para ter conhecimento se o que estão propondo é possível.

Essa etapa evita que você tenha que repensar a forma do seu projeto, fazendo com que você não perca o seu tempo e do seu cliente. Além de não apresentar expectativas que não podem ser cumpridas.

• Quantitativo

O quantitativo de materiais de construção, acabamentos ou equipamentos pode ser visto como uma das etapas que já estão inclusas no projeto executivo.

Porém é necessário que você tenha cálculos iniciais do orçamento da obra para ter certeza de que o projeto caberá no orçamento do seu cliente, e evitando que você tenha que escolher outros materiais durante o andamento da obra.

3. Aprovação da prefeitura

Após a aprovação do estudo preliminar e a apresentação do anteprojeto você deve fazer uma compatibilização de projeto entre as versões aprovadas e descartadas.

Dessa forma você consegue assegurar de que vai desenvolver a versão do projeto com as alterações que foram aprovadas pelo seu cliente.

O projeto executivo tem exigências técnicas para o seu desenvolvimento, e cada um dos itens do seu projeto possui especificações técnicas individuais, mas existem normas e legislações nacionais que guiam o projeto como um todo.

Antes de apresentar o seu projeto para a prefeitura local e o corpo de bombeiros, faça uma revisão em todos os seus desenhos.

Veja a lista abaixo com as principais normas e leis que guiam o projeto executivo de arquitetura.

• NBR 6492 Representação de Projetos de Arquitetura.
• NBR 13531 Elaboração de Projetos de Edificações – Atividades Técnicas.
• Lei N°8.666, 21 de Junho de 1993. Normas para Licitações e Contratos de Administração Pública.

Certifique-se de que você elaborou um projeto completo de arquitetura, focado na aprovação.

Quais são os desenhos complementares de um projeto executivo de arquitetura?

O conjunto de pranchas que você entrega será lido por todos os profissionais envolvidos na obra, seja de porte pequeno, médio ou grande.

Em vista disso, pense em quais as informações necessárias para executar cada uma das características que você empregou no projeto e certifique-se de que tudo está presente nas suas pranchas.

A NBR 6492 fala sobre a representação de projetos de arquitetura e traz alguns dos itens que devem constar nas principais pranchas de um projeto arquitetônico.

Para facilitar, preparamos um resumo sobre cada prancha que deverá constar no seu projeto executivo de arquitetura e o que você não pode esquecer de colocar em cada uma delas.

1. Planta de situação e localização
2. Planta de coberta
3. Planta baixa
4. Planta de paisagismo
5. Planta elétrica
6. Planta luminotécnica
7. Planta de forro
8. Paginação de piso
9. Cortes e vistas

1. Planta de situação e localização

A planta de situação serve para localizar o seu projeto no contexto urbano em que está inserido, ou seja, você deve usar uma escala que permita a visualização do entorno imediato da quadra do terreno.

Já a planta de localização marca as amarrações da edificação dentro do terreno, então você deve mostrar quais são os blocos que compõe o projeto e se estão interligados ou não.

Veja o checklist do que você não pode esquecer na sua planta de situação e localização:

• Norte
• Curvas de nível
• Acessos
• Calçadas e conexões acessíveis ao contexto urbano
• Quadro de áreas e índices urbanísticos
• Textos e cotas
• Indicação de cortes e fachadas
• Reservatórios de água

A Projetou Blog tem um artigo completo sobre a Planta de situação e localização.

2. Planta de cobertura

A planta de cobertura deve indicar qual o tipo de telhado escolhido para a sua edificação, assim como as especificações técnicas do telhado, o caimento e a inclinação.

Veja o checklist do que você não pode esquecer na sua planta de cobertura:

• Norte
• Textos e cotas
• Tipo de coberta
• Caimento e inclinações
• Níveis
• Elementos de captação de água

3. Planta baixa

Dependendo do porte do seu projeto você pode ter várias pranchas dedicadas apenas a sua planta baixa, pois é necessário mostrar cada bloco e seu respectivo layout, junto com informações dos ambientes como nível e área.

Veja o checklist do que você não pode esquecer na sua planta baixa:

• Norte
• Quadro de esquadrias
• Quadro de acabamentos
• Indicar área de projeção de elementos superiores
• Elementos estruturais
• Indicação de cortes e fachadas
• Acessos
• Layout
• Áreas, níveis e nomes dos ambientes
• Textos e cotas

4. Planta de paisagismo

Em casos de projetos de porte médio e grande ou que possuam área externa, você deve incluir nas primeiras pranchas uma planta de paisagismo, com a paginação de piso externa e o catálogo das vegetações propostas.

Veja o checklist do que você não pode esquecer na sua planta de paisagismo:

• Norte
• Curvas de nível
• Acessos
• Calçadas e conexões acessíveis ao contexto urbano
• Textos e cotas
• Tipos de vegetação
• Volumes propostos
• Mobiliários urbanos

5. Planta elétrica

O projeto elétrico tem como objetivo identificar pontos como tomadas, pontos de telefonia e internet, e antenas. Em alguns casos, quando o projeto é de porte pequeno, pode-se inserir alguns dados sobre a planta de iluminação, como interruptores.

Veja o checklist do que você não pode esquecer na sua planta elétrica:

• Norte
• Elementos estruturais
• Indicação de pontos elétricos
• Caminho de fiação entre pontos elétricos
• Quadro de energia

6. Planta luminotécnica

Nessa prancha você adiciona todas as luzes de cada ambiente, com seus respectivos interruptores.

Geralmente essa planta parece ter muita informação, uma vez que mostra o caminho que a fiação deve percorrer entre os interruptores e os pontos de luz.

O projeto lumintécnico deve ser pensado junto com o projeto elétrico, dessa forma você consegue facilitar a compatibilização.

Veja o checklist do que você não pode esquecer na sua planta luminotécnica:

• Norte
• Elementos estruturais
• Indicação de pontos luminotécnicos
• Caminho de fiação entre pontos luminotécnicos
• Quadro de energia

7. Planta de forro

Logo em seguida você deve apresentar o projeto de forro, e em alguns casos você já pode incluir os detalhamentos de forro.

Dessa forma, você garante que as informações estejam fáceis e acessíveis para os profissionais que vão executar o projeto.

É fundamental que seu desenho seja legível, ou seja, concentre toda a informação de forma legível, no menor número de pranchas, de maneira bem dividida.

Isso facilita para os profissionais, pois não precisam conferir muitas pranchas para executar o projeto, poupando tempo e evitando possíveis erros de compatibilização.

Veja o checklist do que você não pode esquecer na sua planta de forro:

• Norte
• Textos e cotas
• Perímetro do forro
• Indicação e especificações de forro
• Detalhamentos

8. Paginação de piso

Pense na ordem das pranchas como as etapas de execução de uma obra. Desenhos de acabamentos finos geralmente ficam para o final, então inclua toda a informação necessária de execução inicial, como a paginação de piso.

Para evitar desalinhamento, lembre-se de sempre indicar onde o piso começa a ser colocado.

Veja o checklist do que você não pode esquecer na sua planta de forro:

• Norte
• Textos e cotas
• Perímetro do piso
• Indicação e especificações de piso
• Indicação do ponto inicial do piso
• Detalhamentos

9. Cortes e vistas

Nas pranchas de cortes e vistas você deve mostrar com mais detalhes os ambientes, já indicando a execução de detalhes finos, como revestimentos, equipamentos e mobiliários.

Caso necessário, você já pode incluir pranchas de detalhamento referentes aos desenhos de cortes e vistas.

Lembre-se de sempre indicar em qual prancha está sendo representado cada detalhe, pois facilita na leitura e compreensão do projeto.

Veja o checklist do que você não pode esquecer na sua prancha de cortes e vistas:

• Norte
• Textos e cotas
• Níveis e nomes dos ambientes
• Indicar área externa
• Elementos estruturais
• Representar a coberta
• Reservatórios de água
• Níveis do terreno

Quais os principais softwares utilizados para criar um projeto executivo de arquitetura?

Se você está com dúvida sobre em qual programa deve se especializar para iniciar sua carreira na arquitetura, veja esse artigo dos 10 programas de arquitetura que todo arquiteto deveria saber.

Hoje dividimos os programas mais utilizados em duas categorias, pois possuem metodologias diferentes para o seu uso.

Metodologia BIM

A metodologia BIM tem se popularizado nos últimos tempos, dado que ela facilita várias etapas de um projeto executivo.

O BIM significa Building Information Modeling, e se trata de um processo otimizado de desenho 2D e 3D.

O sistema BIM permite que você compatibilize várias etapas de um projeto de uma só vez, por exemplo, ao mudar uma parede de lugar em planta baixa, ela automaticamente atualiza para cortes, fachadas e modelagem 3D.

O Revit é um dos programas mais populares que utiliza a tecnologia BIM, mas você deve saber complementar o seu uso de forma avançada com a parametrização e o Dynamo, trazendo mais possibilidades para a modelagem.

Softwares tradicionais

A maioria dos escritórios de arquitetura ainda utiliza os softwares mais comuns na elaboração dos seus projetos, pois há uma maior facilidade de se especializar neles, uma vez que estão no mercado há mais tempo e são ensinados durante a faculdade.

O AutoCAD é o principal software de desenho técnico para arquitetura, e apesar de possuir a opção de desenho em 3D, o seu uso não é destinado especificamente a esse nicho.

Dessa forma, é necessário complementar o seu uso com o SketchUp para modelagens 3D e Lumion ou V-ray para renderização.

Conclusão

Após concluir as etapas descritas nesse artigo você terá um projeto executivo de arquitetura sem erros.

Lembre-se de sempre revisar os desenhos e realizar a compatibilização nos casos de alterações ou pequenas mudanças sugeridas pelos clientes.

O gerenciamento da obra após a entrega do projeto executivo também é de extrema importância, uma vez que acompanhar o desenvolvimento da obra garante que tudo sairá de acordo com o projeto.

Prestar esse serviço dá mais segurança aos profissionais que executam a obra e ao cliente, pois significa que você terá a atenção e o cuidado para que as expectativas criadas com a apresentação do projeto sejam correspondidas e coerentes com a realidade.