O que é o croqui na arquitetura?
O croqui na arquitetura é a representação inicial do projeto, em forma de esboço.
Geralmente feito a mão, esse desenho auxilia na expressão das ideias que surgem durante a concepção inicial do projeto, permitindo sua comunicação para clientes e demais profissionais da área, sejam arquitetos ou engenheiros.
O croqui é a maneira de traduzir no papel as ideias que estão sendo concebidas sobre o projeto. Por isso, permite um traço livre, linhas sinuosas, desenhos abstratos. Desde que não se fuja do objetivo de representar o projeto, é possível fazer uso da criatividade para criá-los.
Muitas vezes, um projeto finalizado não corresponde aos croquis desenvolvidos inicialmente. Isso porque o croqui não é a representação definitiva do projeto. Podem ocorrer várias alterações, em etapas posteriores.
Como esse artigo está estruturado
- Qual a importância e para que serve o croqui na arquitetura?
- Para ser arquiteto é preciso saber desenhar a mão livre?
- Quais são os materiais para elaborar croquis na arquitetura?
- Passo a passo para criar croquis de arquitetura:
- E depois do croqui?
- Quais softwares eu posso utilizar para fazer os projetos de arquitetura?
- Conclusão
1. Qual a importância e para que serve o croqui na arquitetura?
O croqui na arquitetura serve não somente para representação, como também auxilia a criação do projeto.
Uma vez que permite ao arquiteto materializar suas ideias no papel, é possível analisá-las para perceber se as respostas que vem apresentando atendem as necessidades do projeto.
Ou seja, através do croqui é possível avaliar diferentes condicionantes, como topografia, incidência solar, relações de forma e função, luz e sombra, relação de edificação com o entorno, dentre outros.
Com essas percepções, ocorre o aperfeiçoamento o projeto.
2. Para ser arquiteto é preciso saber desenhar a mão livre?
É preciso conseguir expressar suas ideias no papel. Isso não exige necessariamente ser um exímio desenhista à mão livre. Sobre esse aspecto, tenha em mente que:
Primeiramente, os cursos de arquitetura e urbanismo incluem matérias relacionadas ao desenho, onde são abordados conceitos como:
- Forma e proporção;
- Luz e sombra;
- Perspectiva, volumetria, dentre outros.
Logo, é possível adquirir a base necessária através da faculdade.
Outro ponto é a possibilidade de uso de diferentes softwares para desenvolvimento de croquis. Ferramentas como o ilustrator e o photoshop, podem auxiliar na criação de croquis diferentes e criativos. É possível apresentá-los de formas inovadoras, como colagens, por exemplo.
Ou seja, o mais importante, como dito, é passar a informação, independente de por qual ferramenta, e com qual nível de técnica para o desenho.
3. Quais são os materiais para elaborar croquis na arquitetura?
É possível realizar excelentes esboços apenas com papel, lápis, borracha e caneta. Contudo, sempre há a possibilidade de investir na diversidade e qualidade desses materiais, para melhorar o croqui.
Papéis
Os papéis mais comumente empregados para desenho são o sulfite e o canson. A diferença entre ambos é a gramatura do papel, ou seja, sua espessura.
O sulfite é o mais popular, encontrado facilmente nas papelarias, sendo largamente utilizado em escolas e escritórios. Sua gramatura mais comum é a de 75g/m², mas também existem os de 90g/m².
Já o canson é mais utilizado por artistas e designers. Por ser um papel mais espesso, torna-se mais resistente. Com isso, permite uma maior variedade de uso de materiais, como marca textos e tintas.
Suas gramaturas usualmente encontradas são 140 g/m², 270 g/m² e 300 g/m², sendo que as duas últimas podem ser empregadas para desenhos em aquarela, por exemplo.
Lápis
O lápis, assim como o papel, é ferramenta básica para um croqui, podendo servir tanto ao rascunho inicial, como para ao croqui finalizado.
Existem diferentes classes de lápis de cor. De acordo com o tipo de grafite, é possível obter diferentes efeitos e traços.
Os lápis da família H possuem cor mais clara, e maior dureza. São mais utilizados para desenhos técnicos.
O tipo F e HB são intermediários, sendo menos firmes, porém ainda de cor mais clara. Isso os tornam bons para os primeiros traços de um esboço, onde cabem correções. Também são bons para a escrita.
Já os da família B são mais macios, recomendados para desenhos artísticos. O 2B, por exemplo, pode ser empregado para dar maior definição ao desenho, enquanto os 4B, 6B e 8B, para acabamento.
Borracha limpa tipo
Esse modelo de borracha é recomendada para gerar efeitos de luz, pois pode clarear áreas onde o grafite foi aplicado. Além disso, também é usada para esfumar desenhos, além de apagar pequenas áreas. Por ser maleável, permite uma maior precisão.
Canetas
A caneta esferográfica pode ser uma ótima opção para esboços rápidos, assim como o lápis comum. É possível usar a criatividade com esse material simples e acessível, e desenvolver ótimos esboços.
Outro tipo de caneta é a nanquim, porém essa exige maior destreza. Existem as canetas que imitam a nanquim, mais acessíveis e fáceis de utilizar, que produzem efeito parecido com o da original.
As canetas marca texto são uma ótima opção para quem deseja colorir seus esboços, trazendo mais versatilidade ao desenho. Contudo, é recomendado que sejam utilizadas nos papéis tipo Canson, para que não manchem o croqui.
4. Passo a passo para criar croquis na arquitetura
Tenha atenção com escala e proporção
Para que o croqui possa ser interpretado por quem o observa, é importante que sejam respeitadas as relações de proporção encontradas na realidade. Pode ser feito o uso do escalímetro, ou empregada uma escala arbitrária.
Um importante instrumento de proporção é a escala humana. Isso porque, através dessa, é possível transmitir a dimensão de uma edificação ou espaço frente a relação com as pessoas representadas.
Além disso, permite representar a função do espaço, de acordo com a forma como as figuras humanas são retratadas e se relacionam com o ambiente, e os percursos que podem realizar nesse meio.
Outros instrumentos importantes de proporção são as vegetações, veículos, e equipamentos públicos.
Prefira usar poucas cores
Com relação aos croquis, podemos dar razão a Mies Van der Rohe e dizer que menos é mais. O uso excessivo de cores pode poluir a representação, dificultando a transmissão da mensagem, em vez de auxiliar.
Ao empregar cores em um croqui, é importante que essas realmente sejam úteis a representação, retratando, por exemplo, os materiais empregados para revestimentos, projeção de luz em um espaço, tipos de vegetações, dentre outros.
Abuse da luz e sombra
A aplicação de luz e sombra permite transmitir a tridimensionalidade do desenho, pois evidencia volume e profundidade.
Leva a identificar como a posição da luz e a projeção da sombra se relacionam com um objeto. Com isso, auxilia bastante o estudo e aperfeiçoamento do projeto.
Perspectivas
Os croquis em perspectiva enriquecem a representação do projeto, pois permitem a noção de profundidade. Além disso, esclarecem as diferentes faces de uma edificação ou elementos de um espaço.
Com isso, trazem mais detalhes ao projeto e facilitam sua interpretação e estudo.
5. E depois do croqui?
Para entender o que vem depois do croqui, é preciso compreender as fases de um projeto arquitetônico. Afinal, o croqui está incluso nessas fases. As etapas do projeto arquitetônico são norteadoras para arquitetos e urbanistas conceberam e representarem graficamente o projeto. Sendo elas:
- Levantamento
- Pré-Projeto ou Estudo Preliminar
- Representações 3D
- Anteprojeto (Projeto de Prefeitura)
- Projeto Executivo
1.Levantamento
Fase inicial do projeto arquitetônico, onde são feitas as pesquisas e sondagens relevantes para que se possa criar e gerar as representações gráficas do projeto.
Nesse momento são levantadas as características físicas do local e do entorno onde o projeto será realizado, como os limites do terreno, topografia, características do solo, incidência solar, orientação note-sul, sentido dos ventos, vegetação, presença de cursos d´água no terreno ou proximidades, características da vizinhança, dentre outros.
Também nessa fase são levantadas as legislações e documentos pertinentes que devem ser seguidos para a aplicação do projeto, como parcelamento do solo e zoneamento urbano, estudos de impacto de vizinhança, legislações ambientais, entre outros.
Além desses, temos a concepção do programa de necessidades, onde é feito o levantamento dos espaços que serão projetados, de acordo com as necessidades dos usuários do projeto. Pode ser feito através de textos, tabelas, fluxogramas, organogramas.
2.Pré-projeto ou Estudo Preliminar
À partir do estudo preliminar temos a representação dos elementos construtivos do projeto. Nessa etapa se encaixa o croqui, utilizado para expressar as ideias iniciais para a concepção projetual.
Esse estudo serve para apresentar o projeto aos clientes, para sua avaliação e aplicação de modificações se necessário. Segundo a NBR 6294 (Representação de Projetos de Arquitetura), nessa fase temos as seguintes representações:
- Planta de situação e localização
- Plantas baixas, cortes e elevações
- Memorial justificativo e análise preliminar de custo
- Perspectivas, maquetes físicas ou eletrônicas, como Sketchup e etc.
3.Representações 3D
As representações 3D são cruciais dentro do projeto arquitetônico, pois permitem visualizar de forma mais elaborada a tridimensionalidade do projeto.
São uma ferramenta importante para garantir a aprovação do projeto, pois facilita a leitura e identificação de detalhes por parte dos clientes, uma vez que podem ter dificuldades para entender plantas e cortes.
Quanto mais atrativos visualmente, maiores são as possibilidades de aprovação de um projeto.
4.Anteprojeto (Projeto de Prefeitura)
Nessa etapa temos a definição do partido arquitetônico, bem como são utilizados os projetos complementares (estrutura, hidráulica, elétrica e outros) para a representação gráfica dos elementos construtivos.
Com isso, temos o projeto apto para aprovação pela prefeitura. Para a NBR 6294, as seguintes peças gráficas devem compor o projeto de prefeitura:
- Planta de situação e localização
- Plantas baixas, cortes e elevações
- Memorial justificativo (abrangendo aspectos construtivos)
- Discriminação técnica com quadro geral de acabamentos (facultativo)
- Documentos para aprovação em órgãos públicos e lista preliminar de materiais.
5.Projeto Executivo
No projeto executivo temos as informações necessárias para que o projeto seja executado.
Nessa fase também ocorre a compatibilização entre os projetos complementares e de arquitetura, o que garante a aprovação do projeto pela prefeitura, além de estar apto para o canteiro de obras.
Por ser utilizado para a etapa construtiva, é necessário maior nível de detalhe e precisão. Além disso, para que seja executado exatamente o que foi discriminado em projeto é de extrema importância o acompanhamento e gerenciamento da obra.
6. Quais softwares eu posso utilizar para fazer os projetos de arquitetura?
Revit e Archicad
O Revit e o Archicad são softwares fundamentados na metodologia BIM. Permitem desenvolver de forma simultânea os projetos 2D e 3D, além de gerar o registro dos materiais construtivos e suas especificações. Por conta disso, trazem agilidade e otimizam o elaboração dos projetos.
Além de possuir suas famílias internas, que são bibliotecas de componentes já inseridas no programa, é possível exportar e editar famílias externas, voltadas para funções como hidráulica, elétrica, mecânica, entre outros. Também há a possibilidade de parametrizar famílias, o que permite trazer informações sobre um modelo ou alterá-lo facilmente.
Por suas vantagens, se mostram ferramentas extremamente eficazes ao projeto arquitetônico, pois aceleram o processo de elaboração dos projetos, tornando o trabalho mais rápido e dinâmico.
Combo Autocad + Sketchup
O Autocad é uma das ferramentas mais populares para desenho técnico, sendo o programa mais utilizado no mundo para criação de projetos. Prático e intuitivo, pode ser usado tanto para composições em 2D como em projetos tridimensionais.
É largamente utilizado para o desenvolvimento de projetos de arquitetura e urbanismo, engenharia e até pela indústria automobilística. Também permite a interação com o sketchup, sendo possível exportar e importar projetos entre esses softwares.
Enquanto o Autocad é a ferramenta mais popular para projetos 2D, o Sketchup é a mais utilizada para criar modelos tridimensionais. Sua grande vantagem é ser um programa fácil e simples de manipular. Além disso, possui uma vasta biblioteca de modelos fáceis de adquirir, inclusive em versões gratuitas, bem como a praticidade de suas ferramentas.
Conclusão
Nesse artigo, pudemos aprender o que é um croqui, para que serve e qual sua importância dentro da arquitetura. Além disso, identificamos qual o nível de habilidade técnica necessária para realizá-los, os materiais usualmente empregados para fazê-los, e todas as etapas do projeto arquitetônico que ocorrem após sua realização.
O croqui é apenas uma ferramenta de estudo e de representação gráfica da concepção que o arquiteto desenvolveu para o projeto. Com isso, tenha sempre em mente que não é necessário ser um grande desenhista para realizá-lo, e sim possuir o nível de conhecimento suficiente para materializar suas ideias no papel e transmitir a mensagem desejada para quem o observa.
Além disso, explorar diferentes softwares de desenho e fazer uso da criatividade permite que seus croquis saltem aos olhos de quem os vê, garantindo o sucesso de sua representação arquitetônica.
[…] Croquis e sketchs feitos à mão […]
[…] desenhos, eram elaborados a mão, fazendo uso de marcadores e nanquim para composição de um croqui bastante realista. Esses desenhos facilitavam a visualização do projeto, e eram essenciais quando […]
[…] a depender do tipo de diagrama. Mas também pode-se elaborar os diagramas manualmente como croquis e posteriormente digitalizá-los. Algumas questões a se considerar na sua […]
[…] Como o projeto executivo ainda não está pronto, a apresentação desses resultados para o cliente pode ser feita através de plantas de layout humanizadas, diagramas ou croquis. […]
[…] Cena dentro do Projeto, seja ele de Arquitetura, Interiores ou Paisagismo, proporciona qualidade ao trabalho do profissional, através dela há a […]
[…] na Arquitetura é de desenvolver o projeto com precisão. Depois da criação de todos os croquis, plantas e maquetes iniciais, este é o momento de partir para uma etapa mais técnica, cujo […]
[…] levantamentos podem ser representados por meio de fotografias do local, croquis, diagramas e […]
Arquiteto que não desenha à mão nem deveria cogitar seguir a profissão. O desenho é a base de tudo.