A Revitalização Urbana e sua contribuição para a transformação dos espaços públicos

O que é Revitalização Urbana?

A Revitalização Urbana consiste em um processo pelo qual se busca a recuperação e valorização de determinadas áreas urbanas que vem sendo negligenciadas, subutilizadas ou degradadas por um longo período.

Ao longo das últimas décadas, tem se observado o desenvolvimento de projetos em áreas urbanas antigas e ociosas que perderam suas funções e demonstram estar sofrendo com os processos de deterioração urbana, social e ambiental.

Essas áreas urbanas abandonadas podem trazer uma serie de consequências negativas para a cidade, uma vez que áreas ociosas contribuem entre outras coisas, para o aumento da violência, o que exerce impacto na segurança pública, além de prejuízos para o usufruto da população que não pode utilizar a área em questão.

Em razão disso, é necessário discutir a respeito de espaços urbanos que se encontram degradados e abandonados, buscando soluções e a implementação de medidas que visem tornar as cidades locais que possuam espaços mais inclusivos, seguros e sustentáveis.

Por isso, é importante que Arquitetos e Urbanistas conheçam a importância da adoção da Revitalização Urbana em espaços urbanos danificados e abandonados, entendendo seus objetivos, como esse processo pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população e na promoção da sustentabilidade, bem como exemplos de sua implementação no Mundo e no Brasil.

Como este Artigo está estruturado    

• Qual a importância da Revitalização Urbana para a melhoria das cidades?
• A Revitalização Urbana e a Gentrificação
• Renovação, Requalificação, Reabilitação ou Revitalização Urbana?
• Como ocorre o processo de Revitalização Urbana?
• Exemplos de Revitalizações Urbanas no Mundo e no Brasil

Qual a importância da Revitalização Urbana para a melhoria das cidades?

O objetivo da Revitalização Urbana é realizar a intervenção de áreas degradadas e abandonadas em núcleo urbanos, visando resgatar o valor cultural destes espaços, destacando seu Patrimônio Histórico e renovando as áreas deterioradas.

A história da Revitalização Urbana se inicia no período pós Segunda Guerra Mundial, por meio de projetos urbanos que demonstram a importância da manutenção da vitalidade nos centros urbanos.

Por este motivo, a Revitalização Urbana está diretamente ligada ao Planejamento Urbano e aos conceitos de Sustentabilidade, sendo ambos indispensáveis para o desenvolvimento urbano sustentável que possibilita a melhoria da qualidade de vida nas cidades de médio a longo prazo.

Nesse sentido, os fundamentos da Revitalização Urbana estão além da preservação da história de determinado local, da conservação de seus edifícios e conjuntos urbanos tombados. Eles são vistos como requisitos fundamentais no que tange a Sustentabilidade Urbana e sua importância para a preservação das cidades de modo equilibrado ao desenvolvimento urbano.

Dessa forma, podem ser entendidos como alguns dos benefícios gerados a partir do processo de Revitalização Urbana:

• Otimização das atividades produtivas da área;
• Revitalização das habitações e dos espaços destinados ao lazer;
• Melhoria da qualidade de vida na cidade, uma vez que espaços ociosos são convertidos em espaços de uso público;
• Reuso da infraestrutura existente;
• Aumento da solidariedade social;
• Desenvolvimento da sustentabilidade ambiental;
• Melhoria de aspectos climáticos (ar, águas, solo etc.);
• Dentre outras.

Os resultados destes benefícios podem variar de acordo com cada projeto de revitalização e dos diversas finalidades e necessidades de cada região.

O fato é que devido à preocupação cada vez maior com a necessidade de melhorar qualidade de vida nas cidades, processos de Revitalização Urbana tem se tornado cada vez mais constantes.

A Revitalização Urbana e a Gentrificação

Apesar de trazer diversos benefícios e melhorias, o método de Revitalização Urbana também tem trazido uma questão importante e passível de discussão: a Gentrificação.

O processo de Gentrificação possui semelhanças com a Revitalização Urbana, necessitando dela para se concretizar. Este tende a ocorrer nos centros e áreas mais valorizadas, sendo movidos por interesses privados que se utilizam do discurso de que “obras urbanas beneficiam a todos”.

A Gentrificação funciona da seguinte maneira: imaginamos, um local degradado cujos valores de imóveis se encontram, por exemplo, na faixa dos R$ 90 mil. Ao ocorrer uma Revitalização Urbana no local, o mesmo imóvel passará a custar cerca de R$ 200 mil, ou seja, os imóveis sofrerão um aumento de mais de 100%.

Além da supervalorização imobiliária da área, os custos de vida dela, que antes eram baixos passam a aumentar de maneira significativa, o que implica na expulsão dos moradores que antes viviam ali e agora não tem mais condições de arcar com tais custos.

Apesar disso, existem estudos que defendem o processo de Gentrificação, alegando que ele pode ser benéfico para auxiliar a aumentar a qualidade de vida da população atingida por ele, uma vez que ele pode atuar na ampliação da renda daqueles que vivem na área atingida.

Contudo, é fato que o processo de Gentrificação representa um risco para as cidades de um modo geral, pois independente de suas consequências serem benéficas ou prejudiciais, parte da população é forçada a deixar locais que antes habitavam para ir para outros locais que podem ser ainda piores e que não contam com assistência adequada.

Ou seja, o processo de Gentrificação somente seria adequado caso ele abrangesse todas as áreas urbanas, auxiliando a aumentar a renda de toda a população, permitindo que todos tivessem acesso a uma moradia digna e pudessem desfrutar de todos os benefícios que a cidade pode proporcionar.

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Para os conceitos do Urbanismo e do Planejamento Urbano, as práticas de renovação, requalificação, reabilitação e revitalização urbana colaboram para a resolução de uma série de transtornos urbanos.

Apesar de trabalharem para a melhoria das cidades, estes termos não significam exatamente a mesma coisa: A Revitalização como já sabemos, visa a recuperação dos espaços urbanos, a Renovação trata de substituir e reconstruir, alterando o uso de determinado local; a Requalificação atribui uma nova função ao mesmo tempo que melhora o aspecto da área e a Reabilitação, atua restaurando a área, porém sem modificar sua função.

Ou seja, apesar de se parecerem, cada um destes métodos traz diferentes resultados para a área urbana em que são aplicados.

Contudo, mesmo com suas diferenças conceituais, cada um deles está ligado à mesma motivação: transformar e recuperar espaços, zonas ou áreas urbanas com o intuito de otimizá-las, sendo que eles surgem a partir das demandas em solucionar questões econômicas, sociais e ambientais das cidades.

Como ocorre o processo de Revitalização Urbana?

Como antes mencionado, o processo de Revitalização Urbana ganhou notoriedade após a Segunda Guerra Mundial, despontando no início da década de 1960, sob as concepções do movimento progressista italiano, o qual possuía como princípios, a implementação de projetos de preservação e restauração de centros urbanos históricos e edifícios de valor cultural para as cidades.

Nesse sentido, este processo deve seguir três linhas essenciais:

1. Projetos Arquitetônicos que possuem o intuito de reformular antigas edificações e criar espaços públicos de lazer para a população;
2. Envolvimento da população nas questões que englobam as políticas públicas, dando voz a todos os usuários das áreas urbanas;
3. Parceria entre os setores públicos e privados para a observação do desenvolvimento sustentável das cidades.

A partir destes três aspectos primordiais, a revitalização urbana se revela um processo que vai além de meras intervenções obtidas por meio de projetos que embelezam uma região. Este processo é algo maior que resulta na reconstrução e transformação da maneira como a população convive se relaciona com a cidade.

Além das três vertentes a serem consideradas no processo de Revitalização Urbana, também é observado a implementação de um modelo estratégico que visa desenvolver este processo.

Este modelo se inicia a partir do que chamamos de cenário de chegada, este consistindo em uma imagem idealizada do que se pretende fazer na área escolhida, levando em consideração seu estado atual e como deverá estar após a revitalização, sob uma definição que varia entre 10 e 20 anos.

Após esta idealização, é necessário seguir uma estratégia para alcançá-la, considerando a situação atual e os recursos acessíveis, definindo metas globais e para cada meta, objetivos específicos.

Em seguida, dois processos devem ocorrer paralelamente se interconectando, estes são o planejamento das ações e a mobilização dos recursos. O processo de Revitalização deve ser segmentado em elementos operacionais de escala menor, podendo estes consistir em: programas operacionais, projetos e ações, que trarão respostas a objetivos específicos.

Dessa forma, para que a Revitalização Urbana ocorra de maneira efetiva, é necessário adotar um planejamento detalhado, que abrange o ambiente existente, seu entorno, diversos estudos urbanísticos incluindo o de ocupação do solo, gestão constante e participação de vários agentes, sendo a população um deles. 

Exemplos de Revitalizações Urbanas no Mundo e no Brasil

Após entender a conceituação e como se dá o processo de Revitalização Urbana em linhas gerais, podemos observar exemplos práticos de sua implementação.

Atualmente, existem diversos projetos de revitalização aplicados nos mais diversos centros urbanos no mundo, alguns já concluídos e outros finalizados.

A seguir, conheça alguns exemplos que transformaram as regiões onde se encontram:

Rio Cheonggyecheon (Coreia do Sul)

O projeto de revitalização do entorno do canal Cheonggyecheon em Seul é tido como uma referência global, pois além de sanar questões ambientais, implementou parques lineares que modificaram toda a área local contribuindo para a criação de espaços de convivência social.

Antes da revitalização, o rio Cheonggyecheon que foi um espaço de convivência da população, sofreu degradação pelos processos de intervenção humana e problemas relativos à falta de saneamento até que em 1958 decidiram cobrir o rio para a criação de uma rodovia elevada.

A partir deste momento, a região passou a sofrer desvalorização o que restringiu moradores e investimentos econômicos. Além disso, a estrutura da rodovia já não conseguia mais suportar o tráfego o que levou o governo local a repensar a recuperação do rio.

Em 1999 teve início as obras para a revitalização da região, a estrutura do viaduto antes edificada foi derrubada para dar lugar a devolução de cerca de 400 hectares de áreas verdes, distribuídas ao longo de 8km. Ao mesmo tempo, foi implementada uma nova política para o transporte público, através da criação de um semianel viário que passou a desviar o tráfego da região.

Esta revitalização trouxe inúmeros impactos positivos para a região, pois possibilitou solucionar demandas ambientais, por meio da redução da poluição do ar e as águas, auxiliando no controle da temperatura o que é benéfico para o conforto ambiental, proporcionou melhorias na mobilidade urbana, levou a valorização imobiliária da região e principalmente, devolveu a cidade uma importante área de convívio social.

Centro Histórico de Banyoles (Espanha)

Este projeto de revitalização possibilitou a recuperação da memória desta região pois foi responsável por devolver sua identidade.

Banyoles, na província de Girona na Espanha, se expandiu a partir de uma rede de canais. A medida em que se passaram os anos, seu centro histórico sofreu desgaste e foi negligenciado.

Á área abandonada obrigava pedestres e automóveis a circular juntos em ruas estreitas e sem nenhum tipo de pavimentação, ao mesmo tempo que os canais de irrigação se misturavam ao sistema de esgoto causando um grave problema de saneamento.

O processo de revitalização urbana levou cerca de 10 anos para ser concluído e agiu atuando em prol da eliminação do uso de automóveis particulares na região central e trabalhou para a restauração dos canais. Paralelo a isso, houve a renovação de ruas adjacentes e da praça central, devolvendo sua funcionalidade aos pedestres.

Além disso, os canais passaram por processos de tratamento melhorando o saneamento da região, sendo descobertos em determinados pontos permitindo o uso da população.

Porto Maravilha (Brasil)

O Brasil também conta com projetos de revitalização urbana para recuperar áreas passiveis de reconstrução. É o caso do Porto Maravilha, um programa que busca a recuperação da zona portuária e central do Rio de Janeiro, cujas áreas estiveram sofrendo grande degradação desde a década de 1960.

O projeto de revitalização do Porto Maravilha se encontra em andamento desde 2009 e sofreu grande incentivo pelos Jogos Olímpicos de 2016.

Este projeto conta com princípios fundamentais de Sustentabilidade, reformulação de ruas, praças e avenidas, elaboração de novos equipamentos para fins culturais, ampliação dos meios de transporte e restauração do Patrimônio Histórico local. Todas essas diretrizes visam contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população local.

Uma das principais intervenções do programa, foi a demolição do Elevado da Perimetral que ao longo dos anos contribuiu para a deterioração desta região.

Outras importantes ações do programa são a construção do Museu de Arte do Rio (MAR) e do Museu do Amanhã, ambos inaugurados em 2013 e 2015 respectivamente. Além delas, houve também a construção de um boulevard destinado exclusivamente para o uso de pedestres na Avenida Rodrigues Alves.

O programa Porto Maravilha ainda se encontra em execução e pretende implementar muitas outras ações até o ano de 2026, entre elas é valido destacar a instituição de serviços de coleta seletiva do lixo, melhorias na pavimentação e iluminação deste espaço urbano.

Conclusão

Ao longo desse artigo foi possível entender qual a importância da Revitalização Urbana para a manutenção e valorização de áreas dos centros urbanos, compreendendo como ela pode atuar na melhoria de vida da população local, como se dá seu processo, bem como exemplos de projetos bem-sucedidos no Brasil e pelo Mundo.

A finalidade deste artigo é auxiliar o entendimento acerca da necessidade de adotar a revitalização urbana em áreas degradadas e abandonadas, levando em consideração sua contribuição para tornar as cidades locais de maior convívio e para promover o seu usufruto por parte da população.

Contudo é indispensável uma pesquisa mais aprofundada, buscando consultar materiais específicos que abordam este tema, sendo fundamental observar os principais aspectos que caracterizam projetos de Revitalização Urbana.

A Revitalização Urbana possui ligação com o Planejamento Urbano e com a Sustentabilidade, sendo ambos, fatores importantes e que contribuem para o desenvolvimento de cidades sustentáveis.

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Dessa forma, você se tornará um profissional especialista no assunto, sendo capaz de avaliar a situação das cidades, realizando o planejamento e execução de mudanças cruciais para garantir o desenvolvimento sustentável dos centros urbanos.