O que é Ergonomia na Arquitetura?
A Ergonomia na Arquitetura consiste no estudo a respeito de diversos de métodos que buscam integrar o ser humano com o ambiente ao seu redor. Portanto, seu principal objetivo é garantir que o corpo humano se adapte ao espaço físico almejado de maneira confortável e segura alcançando o bem-estar.
Projetar ambientes ergonomicamente adequados é crucial para evitar problemas decorrentes da rotina de trabalho, podendo estes serem causados por esforços desnecessários, acidentes ou outras situações relacionadas.
Dessa forma, a Ergonomia atua ajustando os usuários com as condições existentes nos espaços arquitetônicos, onde desenvolvem sua rotina pessoal de trabalho.
Por isso, é extremamente importante considerá-la durante a concepção de projetos arquitetônicos, pois é por meio deles, que se torna possível identificar as principais demandas de seus usuários.
Em razão disso, é importante que Arquitetos e Engenheiros saibam o que é Ergonomia na Arquitetura, quais os tipos existentes, sua importância para os ambientes coorporativos, bem como a maneira em que ela deve ser aplicada em projetos arquitetônicos.
Como este Artigo está estruturado
- Qual a importância de adotar a Ergonomia na Arquitetura?
- Quais os tipos de Ergonomia existentes?
- Aplicação da Ergonomia na Arquitetura Corporativa
- Como incluir a Ergonomia nos Projetos Arquitetônicos e de Interiores?
Qual a importância de adotar a Ergonomia na Arquitetura?
Como já sabemos, a Ergonomia consiste na ciência que estuda como se dá a relação entre o ser humano com o ambiente no qual ele está inserido. Desse modo, ela se constitui em um conjunto de regras e métodos que busca otimizar os espaços em prol da melhoraria da qualidade de vida dos usuários.
A Ergonomia, assim como a Psicologia Ambiental, é desenvolvida através de processo multidisciplinar que engloba diversos fatores que contribuem para alcançar um resultado satisfatório. Um desses fatores é a Arquitetura.
Nesse sentido, a Ergonomia deve ser considerada durante todas as etapas da concepção de um projeto arquitetônico, se iniciando a partir do programa de necessidades, a fim de atender todos os requisitos necessários para que o espaço em questão se torne adequado ao uso.
Um ambiente, cujo projeto é ergonomicamente insuficiente, pode acarretar uma série de danos aos seus usuários, os levando a desenvolver diversas doenças ocupacionais devido, por exemplo, a realização de movimentos repetitivos nos ambientes de trabalho.
Diante disso, a Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17) foi criada para atuar nesse quesito, ela aborda questões especificas a respeito da Ergonomia nos ambientes de trabalho, trazendo importantes orientações para garantir que os usuários estejam confortáveis e seguros nestes ambientes.
Dessa forma, ela se divide a Ergonomia em três áreas importantes: Física, Cognitiva e Organizacional.
Quais os tipos de Ergonomia existentes?
Como vimos acima, a NR 17 define três importantes tipos de Ergonomia que devem ser consideradas durante a concepção arquitetônica, são eles:
Ergonomia Física
É o tipo mais conhecido da Ergonomia, pois trata da relação entre as atividades que o ser humano exerce e de suas características anatômicas.
Sua importância se resume na análise da antropometria, que é o estudo das medidas do corpo humano, visando detectar os diversos biotipos e de acordo com eles, determinar os métodos adequados, envolvendo ainda fatores fisiológicos e psicológicos dos indivíduos no processo.
Ergonomia Cognitiva
A Ergonomia Cognitiva expressa a importância das habilidades cognitivas durante a execução de tarefas, se referindo a capacidade de memorizar, se concentrar, perceber, raciocinar e da resposta motora.
Por isso, ela se faz importante para os indivíduos que necessitam cumprir funções que exijam bastante esforço mental, sendo importante a sua observação no ambiente de trabalho.
Ergonomia Organizacional
A Ergonomia Organizacional está relacionada com a melhoria do ambiente em questão, contribuindo para aplicação de técnicas que atuem aperfeiçoando o relacionamento entre os usuários e o seu ambiente de trabalho.
Sua implementação modifica o ambiente permitindo que a relação interpessoal entre os usuários não resulte em conflitos que afetem a rotina de trabalho.
Aplicação da Ergonomia na Arquitetura Corporativa
A Ergonomia pode e deve ser aplicada nos mais diversos espaços arquitetônicos. Contudo, ela é mais comumente abordada na arquitetura corporativa.
Quando a Ergonomia é corretamente implementada, ela atua diretamente na saúde dos usuários, uma vez que contribui para a redução de problemas de saúde decorrentes do cansaço excessivo e previne o desenvolvimento de lesões consequentes da má postura ou movimentos repetitivos.
Os riscos ergonômicos, como são conhecidos muitos destes transtornos, estão relacionados a causas que acometem o bem-estar físico e mental dos usuários dos ambientes corporativos.
Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, doenças como LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e a DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) estão entre as que mais afetam os colaboradores brasileiros, estando elas relacionadas com a falta da Ergonomia Física nos ambientes de trabalho.
Além das doenças desencadeadas por fatores físicos, também é importante ressaltar que a falta de Ergonomia Cognitiva tende a acarretar transtornos psicológicos críticos, como a Síndrome de Burnout, que de acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) acomete cerca de 30 milhões de trabalhadores no Brasil.
Ademais destes transtornos, também se caracterizam riscos ergonômicos comuns no ambiente de trabalho:
- Problemas oftalmológicos;
- Problemas auditivos;
- Pressão psicológica;
- Transtornos psicossociais tais como ansiedade, depressão e outras.
Desse modo, é importante que projetos arquitetônicos especialmente voltados para ambientes corporativos, sejam desenvolvidos levando em consideração a comodidade e o bem-estar dos usuários que os utilizam.
Como incluir a Ergonomia nos Projetos Arquitetônicos?
Definir a Ergonomia, seja ela de maneira ampla em um projeto arquitetônico ou específica no Design de Interior do ambiente almejado é uma tarefa multidisciplinar que engloba diversas variantes.
Por esta razão, durante a elaboração dos projetos arquitetônicos é necessário adotar as medidas ergonômicas adequadas a cada ambiente individualmente, a fim de garantir o conforto e usabilidade plena dos espaços.
Nesse sentido, separamos algumas orientações acerca de medidas ergonômicas de acordo com os principais ambientes residenciais que podem ser observados durante a concepção dos projetos:
Cozinhas
As cozinhas devem ser projetadas de modo que atendam às necessidades de seus usuários. Pensando nisso, é importante que sejam levados em consideração aspectos como: o espaço que será trabalhado, os recursos do ambiente, as características físicas dos moradores, dentre outras que busquem estabelecer a melhor relação entre o usuário e o espaço utilizado
A distribuição do fluxo de trabalho dentro do ambiente deve ser mensurada através do “triângulo de trabalho”. A pia deve ficar centralizada, entre a geladeira e o fogão para facilitar e reduzir movimentações indevidas dentro da cozinha.
Na setorização do ambiente é importante priorizar a racionalização, mantendo os objetos sempre dispostos e próximos de maneira lógica, por exemplo, o lixo orgânico deve ficar de preferência próximo da pia, assim como as panelas devem ficar próximas do fogão etc.
Em termos de medidas, é interessante que os balcões estejam entre 85 cm e 105 cm do nível do piso, dependendo obrigatoriamente da altura das pessoas que o utilizam.
O gabinete da cozinha e os armários superiores devem estar distantes entre 40 cm e 70 cm, cuja profundidade deve ser entre 60 cm e 65 cm para o gabinete e de 20 cm a 40 cm para os armários suspensos. As bancadas devem estar entre 100 e 110 cm de altura, com no mínimo 45 cm de profundidade de 20 cm a 30 cm.
O mínimo recomendável de distância para a passagem é de 60 cm, porém é preferível adotar ao menos 76 cm para se abaixar confortavelmente no ambiente. Além disso, para abrir as portas do forno e dos armários é recomendada a distância de 90 cm.
Dessa forma, é melhor adotar uma distância mínima de 80 cm para 1 pessoa e 120 cm para duas, entre dois balcões deve ser adotado distância entre 120 cm e 150 cm.
No que diz respeito ao fogão, que pode vir a ser embutido com o forno ou um cooktop, este, precisa estar próximo a pia, com uma área de transição de 90 cm a 1,20 cm. A coifa obedecer a uma altura mínima de 50 cm da bancada.
É necessário que o micro-ondas esteja à altura dos olhos, já o forno elétrico pode estar abaixo do micro-ondas de 90 cm a 97 cm do centro.
Banheiros
Os banheiros são outro ambiente importante que merecem atenção especial, por ser áreas molhadas, oferecem maior risco de acidentes, especialmente para moradores idosos.
As medidas mínimas dos banheiros devem ser observadas de acordo com o Plano Diretor de cada cidade, podendo sofrer variações dependendo de cada cidade. Apesar disso, geralmente as medidas aproximadas podem ser com a área mínima medindo 2,40m² e a largura mínima: 1,00 metro.
A circulação do ambiente é essencial para o adequado acesso ao chuveiro e ao uso do vaso sanitário e da pia. O espaço mínimo lateral para o vaso sanitário deve ser de 30 cm e entre frontal mínimo de 60cm.
A altura ideal entre a pia e o nível do piso é de 90 cm, podendo variar de acordo com a altura dos habitantes. Esse valor será sempre tomado a partir do ponto mais alto da cuba ou da bancada.
A medida mínima recomendada para abertura da porta de um banheiro é de 70cm, pois permite a passagem de maneira mais confortável.
No caso de o banheiro ser adaptado para pessoas com deficiência é primordial observar os princípios da acessibilidade, bem como seguir a NBR 9050, que trata das regras para acessibilidade.
Salas de estar e jantar
Para os ambientes de estar e jantar é importante observar as medidas dos mobiliários de acordo com as necessidades dos habitantes, assim como, os espaçamentos ideias das cadeiras em relação a mesa etc.
Nas salas de estar também é valido observar como precisa ser posicionada a televisão, devendo ela estar na altura dos olhos e obedecer a uma distância mínima de acordo com o seu tamanho.
Quartos
Nos quartos devem ser observados como está a disposição dos mobiliários de acordo com o fluxo do ambiente. A distância mínima recomendada para a passagem é de 60cm.
A mesma lógica se aplica aos demais cômodos da casa, como por exemplo, as lavanderias e áreas de lazer.
Conclusão
Ao longo desse artigo foi possível entender o que é e qual a importância da Ergonomia na Arquitetura, entendendo suas tipologias e como por meio dela é possível melhorar a qualidade dos espaços.
A finalidade deste artigo é auxiliar o entendimento dos pontos principais a respeito da Ergonomia na Arquitetura, entendo seu funcionamento nos espaços arquitetônicos e como sua aplicação pode melhorar a qualidade de vida dos usuários, através da otimização e adequação dos ambientes.
Contudo é indispensável uma pesquisa mais aprofundada, buscando consultar as principais normas a ela relacionadas, sendo fundamental observar os principais aspectos que caracterizam ambientes ergonomicamente adequados.
Se você quer aprender mais Ergonomia ou outros assuntos relativos à Arquitetura, entendendo como empregá-los em seus projetos, acesse a Projetou para saber mais a respeito dos cursos preparados especialmente para você.