O que é uma Cidade Planejada?
As Cidades Planejadas no Brasil são aquelas edificadas de acordo com um projeto urbano elaborado por Arquitetos, Urbanistas e Engenheiros com o intuito de minimizar os impactos negativos que o processo de urbanização pode ocasionar para todos aqueles que habitam e possuem relação com a cidade.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial se encontra em torno de 7,5 bilhões de habitantes, sendo a maioria destes, habitam nas grandes metrópoles urbanas mundiais.
O crescente processo de urbanização em escala global, pode influenciar negativamente os grandes centros urbanos, uma vez que, provocam uma série de impactos, prejudicando a qualidade de vida de suas habitantes.
Nesse sentido, habitar uma cidade planejada é importante para garantir uma maior qualidade de vida para a população, uma vez que o Planejamento Urbano permite o controle do crescimento populacional desproporcional e a minimização de problemas decorrentes dele.
Pensando nisso, é importante que Arquitetos e Urbanistas conheçam algumas das principais Cidades Planejadas no Brasil, entendendo como elas podem influenciar o processo de urbanização e revitalização das cidades, bem como contribuir para reduzir problemas decorrentes da urbanização desenfreada atuando na melhoria da qualidade de vida da população.
Como este Artigo está estruturado
- Qual a importância de se planejar uma cidade?
- Quais as vantagens de se planejar cidades?
- Cidades Planejadas no Brasil
Qual a importância de se planejar uma cidade?
O objetivo principal de se atuar no planejamento de cidades é operacionalizar os espaços e as atividades urbanas de modo que estas possam ser organizadas de forma racional.
Por outra forma, planejar cidades consiste em tomar as melhores decisões que assegurem a manutenção e melhoria da qualidade de vida dos habitantes. Estas decisões podem ser alcançadas através do desenvolvimento de programas, ações, políticas sociais e especialmente questões ambientais.
Atualmente o Desenvolvimento Sustentável é um fator primordial para o planejamento de cidades, pois ele exerce influência na manutenção do meio ambiente, através de políticas que visam poupar e explorar os recursos naturais de maneira racional, ao mesmo tempo que atuam na otimização da qualidade de vida dos habitantes.
Desse modo, as cidades planejadas no Brasil devem ser capazes de se autossustentar utilizando seus recursos estrategicamente e buscando sempre soluções progressistas que permitam sua expansão, o seu desenvolvimento socioeconômico e o bem-estar de sua população.
Quais as vantagens de se planejar cidades?
Como dito anteriormente, o planejamento das cidades está ligado a manutenção dos recursos futuros e com a melhoria da qualidade de vida de todos os habitantes. Por este motivo, a seguir as principais vantagens do planejamento de cidades:
Desenvolvimento Sustentável
Atualmente, o planejamento das cidades tem como foco buscar solucionar as mais variadas questões ambientais.
Essa preocupação engloba as questões com a manutenção dos recursos naturais, buscando soluções como: uso de energia limpa e renovável, aproveitamento dos espaços verdes, reutilização das águas, dentre outros.
Outra questão explorada nas cidades planejadas é a melhoria da mobilidade urbana através do uso de meios de transporte não poluentes como as bicicletas. Estas medidas auxiliam na redução da poluição do ar, ao mesmo tempo que desafogam o trânsito.
Desenvolvimento Socioeconômico
Quando uma cidade é planejada, ela conta com um projeto urbanístico que prevê onde ficará todos os setores importantes para a futura cidade. Um desses setores é o comercial, que geralmente engloba todas as edificações que terão destinação para atividades econômicas.
A área comercial de uma cidade fortalece a economia da região contribuindo para a geração de empregos e para o surgimento de oportunidades e investimentos.
Melhoria da qualidade de vida para a população
Um dos aspectos mais notórios das cidades sustentáveis e possivelmente o mais valorizado. É fato que planejar cidades auxilia a aumentar a melhoria da qualidade de vida da população, pois propõe soluções para alcançar este objetivo.
Cidades planejadas contam com mais espaços verdes, áreas de lazer, melhor distribuição de serviços, transporte público eficiente e consequentemente melhoria da mobilidade urbana, além de outros aspectos que favorecem o bem-estar da população e funcionamento da cidade.
Preparo para o futuro
Cidades planejadas possuem a capacidade de prever o futuro e a partir disto se preparar para ele, isso porque o Planejamento Urbano possui mecanismos que buscam controlar o crescimento populacional a longo prazo.
Nesse sentido, cidades que são planejadas estão sempre sendo monitoradas e ainda que se tornem ocupadas demasiadamente, tendem a evidenciar um número reduzido de transtornos quando comparadas a cidades não planejadas.
Cidades planejadas no Brasil
O crescimento populacional somado aos processos intensos de urbanização presenciados durante os últimos 50 anos no Brasil, tem se tornado um desafio para o Planejamento Urbano no País.
Apesar disso, o Brasil tem investido no planejamento e na construção de cidades no decorrer dos últimos anos.
A seguir, alguns exemplos de Cidades Planejadas no Brasil:
Salvador – Bahia (1549)
Salvador é considerada a primeira cidade planejada do Brasil, sendo fundada em 1549. Seu projeto foi elaborado pelo arquiteto Luís Dias a mando da Corte Portuguesa.
A motivação por trás da construção da então capital do Brasil era criar uma fortaleza militar que servisse como centro administrativo para o Império português.
Um aspecto importante no que diz respeito ao planejamento urbano de Salvador, é o uso de uma concepção geométrica e racionalizada, sendo ainda criada a partir do ponto de vista renascentista.
Teresina – Piauí (1852)
A capital piauiense é tida como a segunda cidade planejada criada no Brasil. Da mesma forma que ocorreu em Salvador, a criação de Teresina tinha como objetivos servir como capital para a província do Piauí, ao mesmo tempo que sede administrativa da região.
Seu projeto foi elaborado por José Antônio Saraiva e João Isidoro França. O desenho da cidade possui um traçado ortogonal xadrez que concentra as edificações administrativas e religiosas no centro.
No que diz respeito a organização da cidade, se fez necessário separar as áreas segundo as suas atividades, de um lado os âmbitos políticos e de outro o centro econômico.
Aracajú – Sergipe (1855)
O projeto de Aracajú segue o mesmo padrão adotado em Teresina, sendo a cidade erguida sob um solo pantanoso. A criação da capital sergipana ocorreu motivada pela necessidade de facilitar o acesso aos portos, fortalecendo o comercio marítimo.
Belo Horizonte – Minas Gerais (1897)
A província de Minas Gerais teve grande destaque socioeconômico durante o período colonial, especialmente durante o Ciclo do Ouro que a influenciou a se estabelecer urbanisticamente.
Este fato, somado a Proclamação da República (1889) e a chegada de um novo século influenciou o desejo da população por ter uma nova capital. Por conta disso, a nova cidade foi planejada por Aarão Reis sendo encomendada em 1893 e entregue em 1897.
O traçado de Belo Horizonte conta com avenidas desenhadas em diagonal e quarteirões dimensionados de modo regular e caracterizado pela presença de grandes bulevares.
A capital mineira foi dividida em três setores predominantes: a área urbana na qual se localizavam os serviços administrativos, comercial e de moradia, a suburbana com a mistura de residências e chácaras de pequeno e médio porte e a área rural onde se encontra cinturões verdes responsáveis pelo abastecimento urbano.
Atualmente, Belo Horizonte segue em crescimento se estabelecendo como uma das metrópoles mais importantes do país.
Goiânia – Goiás (1942)
A capital do Goiás Goiânia, se originou a partir de um Plano Diretor elaborado pelo arquiteto Attilio Corrêa Lima (1901-1943), na década de 1930. Ele encontrou inspiração no urbanismo francês, demonstrado através das soluções adotadas no desenho da geometria das avenidas, da praça central e na estética dos bulevares.
Além da influência francesa, houve inspirações orientadas para a criação de uma cidade moderna, fruto das discussões a respeito da transferência da capital para o Centro-Oeste em uma tentativa de expandir a interiorização do Brasil.
Nesse contexto, Goiânia foi então planejada para abrigar cerca de 50 mil habitantes. Contudo, passados 30 anos desde sua fundação, a cidade já abrigava o triplo deste número.
Este fato, levou por volta da década de 1970, a criação do Plano de Desenvolvimento Integrado de Goiânia (PDIG), que buscou solucionar os problemas decorridos do crescente aumento populacional.
Dentre as décadas de 1980 e 2000 a cidade tornou-se uma Metrópole, atingindo mais de 800 mil habitantes, o que implicou na revisão do PDIG e na tentativa de criação de diversos mecanismos que pudessem manejar o avanço populacional e os problemas originados a partir dele.
Apesar dos problemas decorridos do crescimento rápido da população, Goiânia segue sendo um exemplo de cidade planejada, por meio da implementação de programas e ações que auxiliem no equilíbrio entre desenvolvimento urbano e a qualidade de vida da população.
Boa Vista – Roraima (1944)
A capital de Roraima não surgiu inicialmente como uma cidade planejada, porém durante a década de 1940, passou a ser alvo de uma remodelação urbana inspirada no conceito moderno de Cidade-Jardim.
Projetada pelo engenheiro Darcy Aleixo Derenusson, Boa Vista conta com um traçado radial cujas principais avenidas convergem para o Centro Cívico, onde se encontram as sedes dos poderes administrativos da cidade.
Um dos pontos chaves do planejamento de Boa Vista foi a melhoria do saneamento urbano que auxilio a contenção de doenças como a Malária.
O planejamento da capital de Roraima foi realizado para durar cerca de 25 anos, devendo ser complementado por outros projetos que acabaram por não serem realizados. Apesar disso, a cidade segue à risca o seu projeto urbano original.
Brasília – Distrito Federal (1960)
A capital brasileira Brasília, foi construída no decorrer da década de 1950, sendo inaugurada em 1960, durante o Governo Kubitschek (1956-1961) representando o auge do nacionalismo, bem como da Arquitetura Moderna no Brasil.
A ideia de transferir a capital para o interior do país, foi discutida desde o século o XVIII, no intuito de proteger a capital de possíveis ataques e especialmente buscando estabelecer um processo de desenvolvimento do interior do Brasil. No entanto, apenas em 1956 a ideia se consumou durante o governo de Juscelino Kubitschek.
Brasília, surgiu a partir do Plano Piloto projetado pelo arquiteto Lúcio Costa (1902-1998) e contando com a composição arquitetônica e estrutural de Oscar Niemayer (1907-2012) e Joaquim Cardozo (1897-1978).
O traçado urbano foi construído em torno de dois eixos monumentais dispostos no formato de cruz, cujas áreas estão distribuídas entre as duas asas (Asa Sul e Norte), estas áreas foram pensadas para serem utilizadas com finalidade comercial, industrial, residencial, administrativa etc. Além disso, Brasília foi pensada para destacar o uso de automóveis.
A cidade foi planejada para receber cerca de 500 mil habitantes, porém nos anos 2000 passou a ter cerca de 2 milhões de habitantes. Com este crescimento populacional descontrolado, se fez necessária diversas transformações e adaptações no meio urbano.
Palmas – Tocantins (1990)
Palmas, a capital do Tocantins é a mais jovem cidade planejada no Brasil, sendo elaborada no final do século XX sob a conjunção da redemocratização do país e a criação do novo estado Tocantins que foi desincorporado do Goiás em 1988.
O plano urbanístico e o projeto da cidade foram criados pelos arquitetos Luiz Fernando Cruvinel Teixeira e Walfredo Antunes de Oliveira Filho. Estes, inspirados pelas ideias urbanísticas modernas de Le Corbusier, realizaram o desenho de Palmas a partir da definição de um eixo Central e divisões quadriculares.
Assim como acontece em Brasília, o desenho urbanístico acabou trazendo destaque ao uso de automóveis, negligenciando de certa maneira os pedestres.
De acordo com os arquitetos que a elaboraram, a cidade foi concebida de forma a buscar a funcionalidade entre a distribuição das variadas funções originárias em uma cidade administração.
Conclusão
Ao longo desse artigo foi possível conhecer algumas das principais cidades planejadas no Brasil entendendo a sua importância para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
Nesse sentido, é de extrema importância que o Planejamento das cidades seja levado em consideração durante debates sobre o processo de concepção e adaptação das cidades.
A finalidade deste artigo é auxiliar o entendimento a respeito do planejamento urbano, demonstrando sua importância através de exemplos brasileiros.
Se você quer entender mais a respeito de cidades planejadas no Brasil ou outros assuntos relacionados ao Urbanismo, entendendo como eles implicam na melhoria da qualidade de vida das populações urbanas, acesse o curso de Cidades Inteligentes, disponível na plataforma da Projetou.
Este curso abordará questões referentes a elaboração de projetos urbanos para cidades sustentáveis, explorando aspectos de inovação, planejamento e gestão.
Dessa forma, você se tornará um profissional especialista no assunto, sendo capaz de avaliar a situação das cidades, realizando o planejamento e execução de mudanças cruciais para garantir o desenvolvimento sustentável dos centros urbanos