O que é Arquitetura Medieval?

Imagem ilustrativa Catedral Gótica
Imagem ilustrativa Catedral Gótica

A arquitetura medieval românica e gótica são estilos arquitetônicos compreendidos entre os séculos XI e XV (Idade Média).

Tais estilos são marcado por construções de grande porte, predominantemente com motivos religiosos. Nesse período a arquitetura representou papel fundamental na construção social.

Você deseja saber mais sobre esse estilo arquitetônico imponente e encantador? Nós da Projetou preparamos um guia completo para você!

Como esse artigo está estruturado?

  1. Contexto Histórico
  2. Arquitetura Românica
  3. Arquitetura Gótica
  4. Arquitetura Gótica no Brasil
  5. Conclusão

1- Contexto Histórico

Idade Média

Com a queda do Império Romano a partir das Invasões Bárbaras, do aparecimento de novas doenças e do crescimento do Cristianismo na Europa inicia-se a Idade Média, o período histórico compreendido entre os séculos V e XV.

No cenário criado de insegurança surge a necessidade de proteção. Nesse contexto, as populações das cidades migram para as colinas, gerando uma segmentação territorial e política, dando início ao Feudalismo.

O fortalecendo do Cristianismo e a concepção da Igreja como fonte de orientação e salvação possuem grande influência sobre a sociedade e a arquitetura da Idade Média. A estrutura social é denominada de Estamental, na qual existia uma hierarquia de poder:

Imagem ilustrativa da divisão social na Idade Média
Divisão da Sociedade Estamental

A cultura Teocêntrica, Deus no centro do mundo, influenciou diretamente nas expressões artísticas e arquitetônicas do período.

A Arquitetura Medieval é fortemente representado pela construção de igrejas, catedrais, basílicas e mosteiros. Sendo assim, também ficou conhecida como Arte das catedrais.

Dentro da Arquitetura Medieval existe uma subdivisão temporal e estilística, a Arquitetura Românica e a Arquitetura Gótica.

2- Arquitetura Românica

Principais características da Arquitetura Românica

A Arquitetura Românica abarca o período entre os séculos X e XII.

A segurança nesse período era um fator relevante para as construções. As principais referências eram os castelos, sendo que, nas igrejas representava-se a fortaleza de Deus.

Nesse momento histórico a arquitetura está repleta de significados vinculados a religião. A predominância das massas em relação aos vazios denotavam solidez, a verticalização das torres apontando para o céu evidenciavam a grandeza do divino e a pequenez do homem. Sua imponência vertical ainda era vista como ponto de orientação geográfico.

Principais elementos da Arquitetura Românica

O termo Românica advém de Roma, a principal referência arquitetônica desse estilo. Assim, podemos elencar elementos predominantes na arquitetura:

  • Planta Baixa em formato de cruz latina: tal conformação de planta baixa proporcionava a criação do caminho de redenção até o altar, fazendo alusão a um percurso de peregrinação.
Exemplo de Planta Baixa em cruz latina
Exemplo de Planta Baixa em cruz latina
  • Arcos plenos
Estrutura do arco pleno
Estrutura do arco pleno
  • Colunas
  • Abóbadas: elementos herdados da Arquitetura Clássica. Na Arquitetura Românica a Abóbada de berço (ou cilíndrica) era a tipologia mais comum.
Formatos das abóbadas
Formatos das abóbadas
  • Cúpulas
  • Elementos decorativos: externamente utilizavam elementos decorativos de forma simplória, uma vez que, representava o mundo pagão. Já internamente existia maior investimento em decoração, representando espaço divino.
  • Construídas em pedra

Obras marcantes na Arquitetura Românica

Igreja de Sainte-Foy (1087-1107)

Saint-Foy (França)
Igreja de Sainte-Foy (França)

Localizada na região central dos Pirineus, a cidade de Conques era considerada um importante ponto de parada ao longo das rotas de peregrinação que seguiam em direção a Santiago de Compostela dos séculos X ao XII. Os peregrinos eram atraídos até Conques por causa das relíquias de Sainte-Foy, uma menina martirizada no início da Idade Média.

A igreja de Sainte-Foy possui suas dimensões limitadas pela escarpa íngreme na qual está situada contudo, é capaz de refletir as principais características e inovações da arquitetura românica. Dessa forma, sua planta baixa respeita o formato em cruz, assim como, possui a nave central em abóbada de berço e naves laterais em abóbadas de aresta, levando o visitante a abside semicircular.

Abside Igreja Sainte-Foy

Na extremidade oriental da igreja podemos vislumbrar a abside semicircular, elegantemente decorada com colunas embutidas e ligadas através dos arcos plenos.

As capelas radiais circundam a abside e se conectam a ela internamente pelos corredores abobadados.

Igreja de Sainte-Foy (França)

As torres quadradas, altas e simétricas evidenciam a característica da arquitetura românica de conexão com o divino. Entre as torres, os arcos rasos sobre as portas abrigam o tímpano. Seus detalhes decorativos fazem menção ao Juízo Final, lembrando aos visitantes as recompensas do céu e torturas do inferno.

Detalhe decorativo tímpano Igreja Sainte-Foy

Igreja de San Miguel Hildesheim (1010-1031)

Igreja de San Miguel de Hildesheim (Alemanha)
Igreja de San Miguel de Hildesheim (Alemanha)

A igreja de San Miguel Hildesheim, de autoria desconhecida, foi construída na Alemanha no período de 1010 a 1031 sob o patrocínio do bispo Bernward.

Construída em alvenaria de pedra, a simetria é característica marcante nessa obra. No exterior podemos notar o eixo de simetria vertical central, duas pesadas torres quadradas são ladeadas por flechas cilíndricas.

Planta Baixa e Corte esquemáticos Igreja de San Miguel de Hildesheim
Planta Baixa e Corte esquemáticos Igreja de San Miguel de Hildesheim

Assim como no exterior, o interior da igreja também se apresenta de forma simétrica. Note a partir da planta baixa e do corte esquemáticos a estruturação espacial gerada pela malha de pilares e as aberturas utilizando os arcos plenos.

Interior Igreja de San Miguel de Hildesheim
Interior Igreja de San Miguel de Hildesheim

Apesar da Igreja de San Miguel de Hildesheim ter sido destruída por bombas na Segunda Guerra Mundial em 1945, uma fiel reconstrução foi executada em 1957, incorporando muitos elementos originais que puderam ser preservados.

Em seu interior três pontos se destacam:

  1. Capitéis: os capitéis da nave são esculpidos em blocos maciços de pedra finamente detalhados.
  2. Teto: pintado em 1230 é um dos poucos exemplares de teto em madeira preservados do medievo. A arte nele encontrada descreve a genealogia de Cristo.
  3. Arcada da Nave: Caracterizada por pilares quadrados que se alternam com as colunas encimadas pelos capitéis. Os arcos plenos unificam a estrutura ligando as colunas e os pilares.

3- Arquitetura Gótica

Principais características da Arquitetura Gótica

A Arquitetura Gótica abarca o período entre os séculos XII e XV. A etimologia da palavra Gótico vem de Godo que significa Bárbaro.

Nesse período a filosofia Escolástica cresce na sociedade da Idade Média. Tal filosofia é caracterizada pela valorização cultural e do ensino. Ela surgiu devido a necessidade de formação de novos sacerdotes e pensadores.

A Escolástica reflete na arquitetura ao passo que as igrejas expandem-se como ponto de encontro e passam a se comunicar mais com as cidades.

A relação de predominância das massas em relação aos vazios encontrada na Arquitetura Românica é modificada. As construções religiosas passam a ser mais leves e contam com maior número de aberturas, muitas vezes preenchidas por vitrais coloridos. A verticalização das torres se torna ainda mais imponente, agora em formato de agulhas. A frequente retratação de temas religiosos nos vitrais foi uma das forma encontradas de se doutrinar o povo a partir das imagens e não somente das escrituras.

Principais elementos da Arquitetura Gótica

A Arquitetura Gótica e a Arquitetura Românica se apropriam da mesma base de elementos, porém cada uma possui as suas particularidades. A seguir listamos os principais elementos que compõem a Arquitetura Gótica:

  • Planta Baixa em formato de cruz latina: assim como na Arquitetura Românica, na Arquitetura Gótica as catedrais são erguidas a partir desse formato de Planta Baixa.
  • Arcos Ogivais: essa tipologia de arco se caracteriza pelo formato pontiagudo
  • Arcadas: sequência de arcos sustentados por colunas conformando o espaço das naves laterais
  • Abóbadas
  • Arcobotantes: Estrutura auxiliar de sustentação, proporcionam ganho de altura nas construções
Esquema Estrutural Arquitetura Gótica
Esquema Estrutural Arquitetura Gótica
  • Florão: elementos decorativos em formato de flor, construídos em pedra, eram alocados nas fachadas
Imagem ilustrativa do Florão
Imagem ilustrativa do Florão
  • Vitrais: também conhecidos como bíblia de luz, são elementos decorativos em vidro colorido que ilustram as passagens bíblicas
Imagem ilustrativa de vitrais góticos
Imagem ilustrativa de vitrais góticos
  • Rosáceas: elementos decorativos em formatos de rosa preenchidos com vitrais
Imagem ilustrativa de Rosácea
Imagem ilustrativa de Rosácea
  • Gárgulas: figuras animalescas consideradas como símbolo de proteção para as igrejas
Gárgulas da Igreja de Notre Dame
Gárgulas da Igreja de Notre Dame

Obras marcantes na Arquitetura Gótica

Catedral de Reims (1211-1275)

A construção da Catedral de Reims teve início em 1211 na cidade de Reims na França onde o primeiro rei dos francos unidos, Clóvis, foi batizado. A fachada oeste da catedral é frequentemente citada como a mais perfeita expressão da arquitetura gótica apesar de suas torres nunca terem sido concluídas.

Fachada oeste Catedral de Reims (França)
Fachada oeste Catedral de Reims (França)

O emprego dos arcobotantes se fez fundamental considerando que, seus grandes vitrais não poderiam ser sustentados pela quantidade cada vez menor de paredes entre eles.

Além disso, a fachada conta com três portais esculpidos em arcos ogivais, uma rosácea e uma fileira de figuras santas.

Catedral de Reims (França)
Catedral de Reims (França)
Rosácea Catedral de Reims

Em seu interior a Catedral de Reims é igualmente cheia de detalhes, sua abóbadas na nave central, os pilares, os vitrais e a rosácea conferem uma espacialidade única a arquitetura.

Os arcobotantes da composição diferentemente de outros exemplares de arquitetura gótica não são escondidos mas sim expostos evidenciando a tecnologia construtiva empregada. A rosácea de Reims possui rendilhado em barras, construídos em peças de pedra muito estreitas ligadas às paredes, fato que permite uma aparência mais delicada.

A catedral se destaca não apenas pela qualidade dos elementos decorativos mas também pela quantidade.

Catedral de Bristol (1140-1542)

A Catedral de Bristol é uma das grandes igrejas da Inglaterra, localizada na cidade de Bristol. Originou-se como uma abadia agostiniana em 1140 e foi sofrendo adições e modificações ao longo da Idade Média.

As capelas laterais são datadas de 1160 e 1220 e apresentam características românicas bem preservadas.

A obra foi concluída em 1542 por Henrique VIII e como outras catedrais da época, passou a ser dedicada à Santíssima Trindade.

Catedral de Bristol (Inglaterra)
Catedral de Bristol (Inglaterra)

A Catedral de Bristol é classificada como gótica tardia, se apresentando de forma mais horizontalizada, uma igreja salão medieval, com seu teto abobadado na nave central, coro e corredores todos na mesma altura. Os vitrais passam a ser menos empregados e os rendilhados tanto nas fachadas quanto nas esquadrias passam a se destacar.

O seu interior é rico em detalhes, ornamentado com motivos religiosos e ligados a natureza. Os pilares são compósitos, alguns apresentando capitéis e outros se inserindo nas abóbadas sem interrupções.

Catedral de Bristol (Inglaterra)
Catedral de Bristol (Inglaterra)
Catedral de Bristol (Inglaterra)

4- Arquitetura Gótica no Brasil

No Brasil não existem construções em estilo gótico. Entretanto, possuímos exemplares da arquitetura denominada de Neogótica datada do fim do século XIX.

No Neogótico brasileiro é possível perceber a presença dos principais elementos da arquitetura gótica porém, em construções de menor escala.

Confira abaixo alguns exemplos da arquitetura neogótica brasileira:

Catedral da Sé (1913-1954)

O início da construção da Catedral da Sé em São Paulo é datada de 1913. O arquiteto e engenheiro responsável pelo projeto e pela obra foi Maximilian Emil Hehl.

A catedral possui grande relevância arquitetônica e histórica. A sua posição geográfica demarca o marco zero da cidade de São Paulo e hoje a obra é considerada como Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo.

Catedral da Sé (São Paulo)
Catedral da Sé (São Paulo)

Em sua composição considera-se a cúpula central como pertencente ao estilo renascentista, entretanto suas torres e demais elementos são classificados como neogótico, inclusive considera-se a Catedral da Sé como quarto maior exemplar de arquitetura neogótica no mundo.

Como elementos característicos do gótico em sua fachada podemos observar os arcos ogivais, as torres pontiagudas que alcançam 92m de altura, a rosácea, os vitrais e o tímpano decorado.

Interior Catedral da Sé
Interior Catedral da Sé

Com 112m de comprimento e 47m de largura, foram utilizados mais de 800 toneladas de mármore na sua construção. Todo o mobiliário, além de mosaicos e esculturas foram trazidos da Itália.

Catedral de Petrópolis (1843-1969)

O projeto da Catedral de São Pedro de Alcântara (Catedral de Petrópolis) se inicia em 1843, juntamente com a criação do povoado de Petrópolis por Dom Pedro II. Entretanto, a obra só foi oficialmente declarada como concluída em 1969. O arquiteto e engenheiro Francisco Caminhoá foi o responsável pelo desenvolvimento do projeto inicial.

Catedral de Petrópolis
Catedral de Petrópolis

A pontiaguda torre, os pináculos, os arcos ogivais, os vitrais e rosáceas explicitam sua caracterização como neogótica.

Interior Catedral de Petrópolis
Interior Catedral de Petrópolis

Em seu interior os vitrais retratam imagens de santos, de Cristo e da Sagrada Família. A imagem de São Pedro de Alcântara foi esculpida em mármore Carrara e todo o mobiliário artesanalmente fabricado em madeira Jacarandá.

Conclusão

Por fim, podemos concluir que a Arquitetura Gótica, assim como qualquer outro estilo arquitetônico, é o espelho do período histórico que está inserida.

A partir do estudo e vivência arquitetônica podemos compreender a sociedade, cultura e fatos históricos de determinado contexto.

Dessa forma, aproveitamos para ressaltar a importância dos órgãos de preservação histórica como o IPHAN. Cuidar do patrimônio é preservar nossa cultura e história. Para saber um pouco mais sobre patrimônio histórico na arquitetura clique aqui e confira o texto que preparamos para você.

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